Sou, e sempre serei, Teu

Quando me olhas, sinto-me despido, como se teu olhar fosse braços intangíveis a rasgar as armaduras, os disfarces miméticos e as máscaras com que eu vinha vestindo minhas emoções e minhas palavras. Por isso que não consigo mentir para você. Por que não consigo te enganar, e nem me auto-enganar quando tua presença inunda meu ser? Por que não consigo te manipular conforme meus fins, como consigo fazer com as demais pessoas? Sim, é verdade meu amor, nós sabemos a real resposta. É o Amor com suas retinas lúcidas que nos rege.

Tua voz me purifica de quem eu sou, e teu carinho lava-me do que fui. (Corra meu amor. Há o rangido de uma porta sendo aberta sorrateiramente por mãos que ocultam em sua capa profanações sanguíneas em meu quarto, e meus oito anos de idade e meus brinquedos não conseguem proteger a criança mutilada que ainda caminha pelos corredores de minha alma).

Minhas lágrimas te são incompreensíveis? Somente me abrace meu amor, e por favor não me afirmes, ainda que seja para me sentir melhor, que me entendes, e nem que sabes o que se passa nos infernos glaciais de meu íntimo. {Devo ignorar os mendigos entorpecendo suas inexistências em decomposição paulatina, e as crianças roubando para fumar crack? Deus, o governo e cada cidadão sabem o que fazem. Não é? É a mesma lamúria desta decadência cênica e visual de milênios atrás?}

Muitas vezes, uma faca, uma corda, o décimo andar, convidam-me para passear pelas margens tentadoramente belas e paliativas do Rio Lete. Ou quem sabe no imediatismo materialista e sensorial tal como: Edite, bibite, post mortem nulla voluptas. Ou ainda no pensamento de quê: Ex nihilo nihil fit, et in nihilum nihil potest reverti? Ò Cérebro meu, tenebroso e cativante simultaneamente, adormece temporariamente, e ama teu ser amado.

Até onde conseguirás penetrar em minhas profundezas?

Até onde permanecerás comigo a caminhar nestes oceanos incandescentes criados por minha mente?

Até quando suportarás os furacões autoconscientes soprados pelo meu inconsciente, pelos meus impulsos, pelo meu ser mais vivo e desperto do que o Universo?

Não me deixe mais pensar meu amor. Desfaleçam todas as palavras que buscam descrever nosso mundo interno. Beije-me meu amor, pois em teu beijo uma nova personalidade é criada em mim. Tu és o legítimo e real Éden de minha existência, e não há nas florestas celestiais de teu corpo e de tua alma serpentes e arbustos alegóricos, a fim de se provar hipocritamente para si e para o outro os erros e as falhas que há, e que conhecemos um do outro. Tentações e provações retóricas estão banidas de cada um de nossos jardins. Quem dera que o Universo fosse complexamente simples e transcendente como é a luz de teu coração meu amor, a qual eu bebo e me enche de vida quando nossos lábios, nossas mãos, nossos desejos se beijam e se enlaçam eternamente meu amor.

Surge então meu silêncio que te confidencia que eu sou, e sempre serei, teu. E as Dúvidas e os medos se evaporam, e um novo arco-íris de nosso pacto de amor eterno floresce bucolicamente no céu.

Manhã de orvalhos de

Amor e ternura que

Rugem de teu Coração

Idílico, emergindo de meu caos

Labaredas de carícias que,

Intrepidamente de teu lindo Corpo,

Acalentam meu exaurido ser em teus Braços.

Gilliard Alves Rodrigues

Acaraú, 02/08/2011

9h14mi

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 02/08/2011
Reeditado em 02/08/2011
Código do texto: T3134342
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