Não te darei o céu, te darei palavras...
 
Sonhei palavras...
Estava eu, em liberdade e leveza,
No vão de um livro aberto...
Deitada em um campo florido num dia de sol e brisa.
As flores em movimento...
Eram flores-palavras!
Tentava eu retê-las, mas não conseguia.
Sonhei novamente com as letrinhas...
Dois pássaros na casa.
Um beija-flor... Doce, frágil, miudinho...
Voou através das frestas de minha mão,
Subiu, subiu e não mais voltou.
O outro, um velho e danificado sabiá... De canto divino!...
Para quem enchi as frestas da casa, próximo ao telhado,
Com palavras, palavras... Muitas palavras...
Maleável e porosa gaiola.
Absorveu as flores que, por ali, fugiram em mim.
Mas, diferente do beija-flor, ia e voltava...
E cantava e cantava e cantava...