O HOMEM QUE PEDIU PARA NÃO MORRER

A mão estendida não é mais um pedido de clemência

Farrapos expulsam

Horror, uma gama de repulsa

Os dedos trêmulos são um gatilho

Que empunha o fuzil

O olhar distante se perdeu entre o ódio e a compaixão.

Mais uma investida

Mais um pedido de socorro

Um homem-bomba na Palestina

A voz amarfanhada

A mão estendida, esquelética

Mais um infeliz solto. Uma fera do outro lado da jaula

Apelos derradeiros na beira da estrada.

O fôlego arfante. As órbitas profundas

Tartamudo. As palavras ausentes

Como é que se diz “amor”

Só sabe dizer “ pelo amor de deus”

Não pode ouvir “solidariedade”

Para sensibilizar

Para mostrar

Que não é um fora-da-lei

E não quer morrer de fome.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 23/07/2011
Código do texto: T3113821
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