RELVA MOLHADA DE ORVALHO.
Para Glauci:
No silêncio desta madrugada, ouço o rumor do orvalho caindo suavemente sobre as relvas molhadas, toco-as em minhas mãos e nelas ouso sentir a frescura desse líquido silvestre e primitivo.
Nessas verdejantes manifestações vegetais, sinto a tua presença que ali também foi depositada, isto é, as tuas lágrimas que pousaram docemente em busca de amor. Vindas dos teus sonhos silentes fazer presença nesta manhã silenciosa.
Querida Glauci, senhora minha amada, já posso te chamar assim, porque vibraste com a tua nobreza em minha humilde alma.
A tua lembrança teimosa emerge sempre nessa madrugada solitária, e eu me encontro obstinado em pensar-te.
De ti, Ó Glauci, alçaram asas os pássaros da minha maturidade cheia de paixão.
Senhora minha muito amada, se eu fosse Pablo Neruda, escreveria para ti vinte canções de amor com versos desesperados, seria uma forma idílica, muito sincera em dizer o quanto de amor estou represando neste meu coração.
Senhora Amada, eu caminhei além do desejo e do ato medíocre, numa busca perseverante da substância e da consistência, para buscar-te de tão longe, a fim de fazeres parte da minha vida, tão só, torva e desejosa de amar. (Pablo Neruda)
Ah mulher! Não sei como tu pudesses surgir desta forma “suis generis”, e vibrares em meu coração com a tua nobreza e que fez eco em minha alma tão premida.
Agora em meu coração dorme os sons de cristais e ricas pratarias.
E o meu desejo queima-te como rubra brasa deitada no turíbulo da vida.
Amo-te mulher, Senhora Minha Glauci, experimenta comigo esse louco viver. Aspira ao incenso que se evola.
Como uma flor a seu perfume, eu estou atado a tua lembrança teimosa.
Estás longe e não obstante te adivinho atrás de todas as janelas, às vezes transfigurada em todas as nuvens intangíveis e errantes.
Amor, eu te amo mesmo assim distante e, juntos, haveremos de conquistar o élan da vida. Ouso querer-te, todo o amor que tenho dedico a ti.
Quando for possível, prostro-me ao teu lado sem o caráter do sacrifício numa pequena capela do interior, e tu te transformarias em catedral de ouro, a minha real basílica de desejos. Tu cabes em minhas mãos, às vezes, postas em preces.
Senhora Amada, eu sou o amor e tu naufragaste em mim como uma nave misteriosa vinda dos mares do norte.
Vivo essa turva embriaguez do amor e também me naufrago em ti, num mergulho infinito e submerso para colher as algas em teus lindos pés.
Tu és o meu cacho louco de esperanças e esforço, em que, um dia, haveremos de nos enlaçar e nos desesperar, assim seremos envolvidos pelos sentimentos de amor de benquerença.
As mensagens que me enviaste ontem foram como clarins que entoarão melodias possíveis e futuras. E essas melodias serão moduladas e guardadas em meu coração, como o troféu lindo de uma mulher que soube se aproximar de mim, envolvida por um inexplicável encantamento.
Este poema era para ter nascido mais cedo, entretanto minha cara e amada senhora, eu o fiz assim agora, porque é assim que eu te sinto.
Para ti, futuramente eu comporei versos desesperados numa infinita canção de amor, e os transformarei em “Versos Angélicos”, quando soprarem do norte onde estão os alísios inebriantes.
Eráclito Alírio
Imaruí – s c.
05-12-2005