A Porteira Não Fechou

Quando me ajeitei na cadeira e repousei meus braços sobre a mesa, meu olhar se fixou no horizonte, as nuvens que passavam lentamente foram carregando e levando meu pensamento lá pras bandas das Minas Gerais.

Vejo-me de umbigo colado a um fogão a lenha, panela de ferro, gravetos, linguiça caseira, paio, galinha, porco e variados temperos naturais.

Da janela avisto o colchete que antecipa a porteira, o trilho no chão batido foi desenhado pelas rodas dos carros que passavam a procura de paz. A lenha vai virando brasa e o ambiente sendo aquecido. Meu corpo resiste ao calor das chamas, gelado permanece como os picos nevados, sentindo meu sonho cada vez mais distante.

Sonho acordado junto a tudo que dorme agarrado há um passado não muito distante, que passado a limpo enchem de expectativa este que aqui das nuvens viaja atrelado de esperança no lombo de um veloz tordilho. Avisto aqui do alto da colina lá ao pé da serra uma casinha caiada de branco, de portas e janelas azuis, da sua chaminé a fumaça branca vai se misturando com ar e desaparecendo nas alturas.

Meu olhar se endereça novamente a este branco papel, Igualmente alvo tal e qual a nuvem onde viajei por alguns minutos. Passeio que me confortou a alma, repousou minha mente e encheu novamente de animo este corpo cansado.

Olho não mais para o horizonte e tão menos para este em que escrevo, e sim para o meu interior repleto de anseios, porém, o tempo rapidamente se esvai.

A brasa apagada, a panela enferrujada, a janela com tramela alguém trancou.

A grama cresceu formando o trilho por onde o tordilho não mais cavalgou, a porteira de madeira envelhecida pelo tempo somente o vento a faz balançar, todavia, o mato que cresceu não a deixa fechar.

Obrigado Senhor!

José Luiz Pires

01.12.01

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José Luiz Pires
Enviado por José Luiz Pires em 06/07/2011
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