Rosais de outono

Muitas das rosas que morreram em botão

espargiram suavidade e inocência

na fímbria larga de imensas nuas névoas úmidas

e fê-las enovelarem um dulcíssimo luar amávico,

que ora chega aos meus pés,

com a fogueira ardente de estrelas d’arte,

lâmpada etérea acendendo meus sonhos,

que tantos caminhos na distância penetraram,

roubando a alegria perfumada das rosas!

Os rosais que ansiavam mas não puderam florir,

hoje perfumam minha alegria de sonhá-los gestando

botões virgens de vida e morte,

rubros na essência flórea

cujos músculos de sangue persistem

subindo à copa da roseira mater,

ao âmago de seu coração frugal!

Se porventura trago mãos vazias de flores,

é que encubadas no ventre da vida parideira

esculpem-se e ensaiam o êxodo das grilhetas

e dos frascos de barro velho,

para depois, imediatamente depois,

de vergel em vergel, brincarem de sorrir,

molhando-se na mádida chuva outonal!

Santos-SP-02/12/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 02/12/2006
Código do texto: T307594