O POETA E A BELEZA

O POETA E A BELEZA.

A poesia teórica encanta até os mais duros dos mortais.

A poesia prática dá a forma e a sedução aos pobres mortais.

Descrevo a beleza, imbuído da necessidade de exaltação do que é perfeito e belo.

Executam a beleza, num pseudo-ritual místico, submetendo-a a uma contemplação efêmera.

Elevo a beleza em poemas, desejando transcender o seu real carisma.

Cultivam a beleza em toques mágicos, transmudando a sua incognoscível aparência, ofuscando assim, a imanência do TUDO.

Seduzo-me ante a beleza, esta filha legítima do universo e a ela rendo humildes poemas.

As mulheres produzidas submetem-se ao mais puro dos poemas – é o rito da sublimação do que já era belo.

Eu crio os poemas, é uma repetição do belo e os submeto a uma determinada mulher.

Normalmente, o meu poema preferido é ela. E ela contempla a minha criação que é a sua projeção nos meus versos.

Ela o contorna com a sua luz.

Eu o escrevo, porque ela me seduz.

Somos originariamente poetas submissos eternamente a sua feitura carismática. E assim, somos envolvidos para sempre na aura suprema do belo.

O amor.

A beleza e a fealdade são irmãs.

Pois se banhavam sempre juntas.

Viviam em cordata harmonia.

Certo dia, a fealdade,

Envolveu-se mesquinha.

Após o banho diário no lago.

Roubou a roupa da beleza.

A fealdade invejosa e desarmônica,

Até hoje, vive semi-confusa.

Travestida uma feita a outra,

Enganando sob as lindas vestes

A verdadeira e a única beleza,

Aos incautos e afoitos olhares.

Só a nós poetas, artífices do belo,

Foi dado o prestimoso e rico dom

De reconhecer a beleza, às vezes,

Camuflada com as vestes

Deslumbrantes da fealdade.

Esta é a nossa missão sublime.

Nós, os poetas, somos diletos,

Continuadores da obra em Criação.

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 02/12/2006
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