ELEGIA PARA A JOESA
Gênese de um grito profundo.
Há sete anos num corredor silencioso e semi-escuro de uma maternidade, de repente, ecoou um grito novo e nascituro, foi o grito mais lindo ouvido na minha vida naquele dia. (17 de maio de 1994.).
Foi um sonho de praia que se juntara ao cavalgar de ondas, descrevendo na areia as vogais e as consoantes idealizadas num agrupamento de letras que se fez amor, (JOESA) há muito existente potencialmente de forma onírica em quietos poemas.
Impregnado da salinidade do arenito resplandecente e movediço como vítreo mineral, dorme em meu coração quebrado a lembrança de uma deusa marinha que repousou em meu espírito em júbilo.
Na graciosidade oceânica de JOESA, rica estrela marinha calcinada que, envolve com a beleza de algas o mediterrâneo do meu ser, que hoje e de longe te alimenta com os plânctons de amor e com os meus beijos de saudades.
O mar em sua fúria de ondas se crispou, arremessando-te na praia do meu ser como sereia encantadora e mitológica, uma verdadeira deusa abrasileirada.
Geneticamente tu és um produto do amor carnal e, na existencialidade do teu ser, tu és um produto do amor divino.
Mas inesperadamente o tempo adverso encarregou-se em fazer sombras eclipsando esse amor, no entanto, hoje, eu te amo como filha da terra, uva silvestre de cuja delícia, eu me engravido quando contigo estou.
Fui de pronto envolvido pelas tuas melenas pretas, e pelo teu doce rostinho embriaguei-me de amor.
Admirei a brancura de lua do teu corpinho inocente e a suavidade angelical da tua infância.
JOESA querida, anjo prematuro que sofres, eu sofro contigo também, tu és parte de mim que abruptamente o destino partiu.
É indestrutível para sempre o meu amor por ti, és acalentada no meu calor inexprimível de sentimentos.
Nada há de nos quebrantar, a minha presença em ti é imanente e a tua presença em mim é vivificante e eterna.
Amor, quanto choro, quanto soluço abafado tremeu no meu peito, foi mais dura essa separação entre nós, embrumando o teu sorriso, do que o apocalipse inesperado de um amor que nunca existiu.
Este poema é uma elegia, na verdade, é um soluço de saudades que leva a marca indelével de uma angústia que me persegue.
São cravos que dolorosamente teimam em queimar o meu coração hiante de amor por ti.
Sabidamente eu te amo muito e, esse amor agora, é maior e superior do que dantes. É a ausência silenciosa e a falta do convívio que assim faz.
Obrigado por te amar tanto minha doce magnólia, a tua beleza inconfundível de menina, preenche o meu coração vazio, vivendo sem um destino a não ser o de te amar.
A minha alma amanhece úmida de saudades e a tua lembrança povoa-me a todo instante, assim como os pássaros aos seus velhos ninhos.
Abraço virtualmente a tua imagem que se cria docemente, e aí, eu sinto o teu cheiro de menina afogando-me mergulhado nos teus lindos olhos pretos.
Tudo em mim se dirige para ti, é uma busca surrealista de viver-te nos meus sonhos, por isso, deixa-me cantar a tua beleza para nesta sofreguidão anestesiar as minhas dores saudosas e intermináveis.
Quando eu tiver que partir e cessar em mim essa poesia do existir, eu quero que fique testamentado o meu grande amor por ti.
O que te escrevo não é para os dias de hoje, é uma mensagem de benquerença, um grito profundo de amor que entenderás no futuro, quando te fizeres mocinha.
Aí sim, hás de ler este poema e aos demais às sombras da bouganville, um rubro arbusto floral que elegi e plantei para ti, a fim de lembrares de mim com amor.
Meus parabéns!
Imaruí, 17 de maio de 2001.
Eráclito Alírio