Ternura a dois

Deliciosa brincadeira erótica gravada na memória,

que se joga na maciez de mãos dançando sobre corpos suados,

ao cheiro de vida selvagem de bichos,

cujo instinto florestal afina radares

e se rende a sabores e cheiros,

descobre sensações da pele e entre lufadas de emoção,

onde nada pode ser morno,

há que derreter na amorosidade altamente aquecida a afeto e doação,porquanto só quem vence este jogo

é o que desnuda e entrega.

Amor, velha canção acariciando ouvidos apaixonados

de quem dessedenta nos beijos de outrem,

roubados que sejam em sonhos, películas,

ondas marinhas, luares solitários, instantes soturnos,

ou se nutra de um frugal coração de ambrósias,

onde entes amorosos se lapidam com esmero,

chegando mesmo a desencadear devires

pela aceitação mútua,

que fabrica e aquece seu ninho de ninfas e apolos.

Falo de amor facilmente porque respiro amor como nunca,

desde quando se reencontraram os caminhos

dos bichos sensuais que somos nós dois,

viciados em amor, uma de duas sombras casadas,

que vivemos espontaneamente do tocar e acariciar mútuo,

que maturou em eterno nosso então encontro intenso e íntimo, brotado da amorosidade fundamental,

onde nada é mero detalhe, tudo é um sossego bendito,

uma unção que transborda carícias

e o ritual do sexo é um balbucio misterioso

que devassa os véus da alma!

Santos-SP-28/11/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 28/11/2006
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