Versos soltos
Tão meus e nada meus,
porquanto longe voaram
meus versos recheados de emoção,
fora de mim, num tempo sem tempo,
onde nas chuvas choraram
meus tantos Eus velados,
destinos amassando com a alma calejada,
afrouxada por amores e dores.
Versos soltos aqui e por aí,
forasteiros fugidios das grilhetas,
são estrelas d’arte ungindo corações
a um só compasso de sorrisos e contratempos,
é o acariciar essencial de alma à alma,
amolecendo sonhos de pedra,
porventura se interpondo ao candor da passagem,
na qual se nutre a alma cansada de sobressaltos e percalços.
Tão particulares e antagonicamente sociais,
mansuetude solitária habitada por mundos,
adquirem a silhueta de quem os singra,
vestido de esmeraldas borbulhantes
que adocicam e beijam os mares na intimidade
balbuciada e intransponível,
exceto ao poeta que transcendentaliza
e deles rouba suspiros e inspiração
para sonhar e mais sonhar.
Santos-SP-Brasil - 28/11/2006