Quem és tu

Quem és tu, meu amor,

homem, sonho, poeta,

anjo, bruxo ou demônio,

que clareia minhas noites vazias,

depois me arranca do sono e

me atira em sonhos eróticos de tontear,

andarilhando tua sedução hipnótica

sobre tua morada, meu corpo,

que bambeia entre desejos velados e proibidos?

Um anjo disfarçado me ensinando

a andarejar nos nimbos

e planar entre harpas e cítaras celestiais,

desnudando-me tal Ártemis lendária,

carismática deusa da arte, da melodia,

da selva e do encantamento,

persuadindo-me que a nudez é a mais nobre veste

da alma pura concebida sem pecado?

Bruxo ou demônio

que me possui corpo e alma,

estourando grilhetas e

arrombando minha caverna,

para se deliciar em minhas entranhas,

agarrando-me avidamente pelos e olhares,

que por ti pulsam,

desde que defloraste meus pensamentos mais secretos,

e ainda assim, subjugada tua fêmea,

sem desejos próprios, exceto querer e amar-te,

chora e clama na tua partida iminente,

que sem ti não mais sabe viver?

Meu amor, serás um trovador,

libidinosamente provocante,

disfarçado em intelectual romântico,

cujas subliminares propostas,

poeticamente melosas e sensuais

me derretem por dentro, afrouxam a musculatura,

esmagam pudores e me excitam

até que a lágrima adocicada

escorra em minhas faces rubras de paixão?

Quem és tu meu amor,

além da resposta a minh’alma cortada pela metade,

suplicando regresso da outra metade perdida,

para então, finalmente juntas numa só,

semearem o ninho de amor e carícias,

frondejarem ambrosias e cerejeiras,

florescerem orquídeas e lírios

e para ungirmos d'incenso de mirras odorantes

nosso leito que padece vazio e choroso,

ansiando tremer e gemer,

até que todos os mundos saibam

que num só coração frugal

de amor perfeito nos ungimos?

Santos-SP-28/11/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 28/11/2006
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