NO MEIO DA NOITE
No meio da noite
Como que despertada por vozes que não mais queria ouvir
Acordei, lembrando de alguém,de quem por certo não lembra mais de mim;
Lembrando momentos que teimam em povoar meus pensamentos
Como se nada mais existisse além do teu sorriso;
Como se eu fosse a persistência da memória, de Salvador Dali
E como se dali, partissem resquícios de um tempo,
De uma memória, que por certo não deveria mais existir;
Fiquei pensando e perguntando a mim mesma
Com o que será que sonhei?
Quem na desproporção dos sonhos
Penetrou no meu consciente
E no surrealismo da minha alma
Insiste em permanecer maior que eu mesma?
As horas se passam
O tempo não para, como dizia Cazuza
Que por sinal acabei de ouvir no rádio
Minha maior companhia.
O dia lá fora surge sorrateiro
Invadindo aos poucos o meu espaço;
Olho pela janela ele chegando de mansinho
Lembrando-me que a noite sempre passa
Que a escuridão sempre termina
Quando uma nova luz se mostra a nossa frente;
Olho ,penso, lembro, porque existo
E nessa existência sigo insistindo em ser feliz;
Sonho, planejo,espero
Mas, sobretudo, ajo,interajo
Possibilitando que o novo aconteça
Como o dia que nasce diferente de todos os outros
Mas trazendo sempre consigo, a certeza de que o hoje
pode ser melhor que o ontem
e construir um amanhã mais feliz
Só não se pode esquecer a vontade de viver;
E nesse diálogo comigo mesma
Agradeço ao criador pela graça da vida
Por mais um dia oferecido a mim
Para fazer dele o que eu quiser
E olhando minha cama macia e solitária
Busco minha própria companhia
Aconchego-me entre travesseiros macios
Relaxo, sonho acordada
E no emaranhado desses sonhos
Volto a dormir.