Gênesis - versão 2.1.
O mundo se abriu diante dos seus olhos,
de repente, ele se viu nu no meio da mata.
Respirava como quem acabara de nascer.
Inaugurava os pulmões,
Inaugurava a visão, a audição, todos os sentidos, com o mundo ao seu redor.
Era um descobridor.
Descobrira um mundo novo, vivo em cores, sons, sabores e odores.
Mas depois de um mês o maravilhoso se torna monótono
e se sente a ausência de algo.
Uma manhã acordou com incrível dor
Ao seu lado havia uma criatura, da sua espécie, mas diferente.
Ela acordou assustada, tudo também era novo para ela.
Principalmente ele.
Novo e assustador.
Mas os primeiros momentos de medo cederam ao entendimento.
Carícias podem romper barreiras.
Durante todo o dia e dias seguintes ele foi seu guia.
Dividia as maravilhas do mundo com ela.
Após um tempo, ambos descobriram um novo sentido: o amor.
Amaram-se e amaram a tudo que os cercava
Em tudo encontravam amor: nas folhas, no orvalho, na correnteza do rio, em tudo.
Mas, como crianças, não sabiam lidar muito bem com amor.
A intensidade era tanta que não era raro entrarem em conflito e quando o faziam parece que a natureza também refletia-os.
Intenso e incondicional: logo estavam unidos mais uma vez.
Os dias se passaram e a necessidade do novo nascia em seus corações.
Ela encontrou o novo em uma fruta especial.
Sua polpa lhe daria conhecimento, tudo passaria a fazer sentido.
A vontade superou a sensatez: tudo já fazia sentido com o amor.
Mas é essa vontade de mais que diferencia esses seres.
E essa vontade foi compartilhada pelos dois. A polpa penetrou no âmago dos dois.
Com o conhecimento veio questões e questões.
O desencanto do mundo se fez presente.
Sem encanto, sem paraíso: essa era a condição.
Então o mundo se fez duro e doloroso para aqueles dois seres.
No entanto, nem toda dor e toda rigidez poderia separá-los
Mesmo impotentes e inseguros, eles eram um.
Um ser completo, poderoso e decidido.
O mundo continuará a castigá-los, mas enquanto forem um, pouco importa.