PRAIA VIOLETADA
PRAIA VIOLETADA.
I- Espero como quem espera a hora aprazada de ver-te, uma vez mais, um pouquinho só, talvez um instante.
II- É nesse instante que caminham os meus sonhos impossíveis, mas, sobretudo verdadeiros, uma rara obsessão.
III- São verdadeiros os meus embates por ti, é um sentimento solitário, mas muito blandicioso por excelência.
IV- Excelência é a tua majestade, mulher rainha, ainda pouco princesa. É irreverente a minha obstinação.
V- Obstinação é um remendo com que tento costurar a minha solidão, sinto-te perto, apenas um produto da minha imaginação.
VI- Imaginação é somente o ato que possuo e tenho; imaginar-te é uma delícia na noite vazia em que me encontro.
VII- Eu encontro momentos de rara ternura só em pensar-te, tenho ímpetos de procurar-te numa montanha ou numa praia violetada, aonde bem sei que tu te escondes na bifurcação de duas vias que me levam ao teu infinito.
VIII- Infinitamente penso-te, procuro-te, faço cálculos, retroajo, rejuvenesço, envelheces, metalizam-se os teus cabelos, tudo em vão, quando se tenta ludibriar a cruel realidade.
IX- A realidade é tudo o que presencio aqui e agora, fora dessa situação tudo é um sonho, produtos da imaginação.
X- Combaterei o bom combate até os últimos dias da minha vida, não me prostrarei a realidade, tenho o direito sagrado de sonhar-te, isto apenas ocupa a milionésima parte do meu cérebro.
XI- E no meu cérebro vou vivenciar-te através dos curtos circuitos da imaginação, quero imaginar-te com toda a liberdade do meu pensamento, para isso, tu existes, és real e não um produto licencioso da minha fértil imaginação.
XII- Imaginação sublime é querer-te numa praia de brancas areias, perimetrada por beiras da cor do sangue arterial, e enfeitada por velhas aroeiras aonde se alimentam os sabiás, gorjeando aos teus ouvidos o seu belo e sonoro cantar.
Eráclito Alírio.