LOIRA MISTERIOSA
L O I R A M I S T E R I O S A.
I- Ó loira! Invade-me com a tua cabeleira de astro em fogo, e com o teu sorriso imenso veste-me com o teu olhar azul e sorrateiro. Deixa-me imaginar os sonhos loucos que orbitam por mim.
II- Tu és tão imensa que, os meus olhos não abarcam de um só momento o teu lindo corpo oceânico. E o que dizer do teu sorriso exposto nesses lábios grossos como ondas, que vaguearam por mim nesta manhã?
III- Impõe sempre a tua presença magnífica, e deixa-me beber a turva neblina branca da manhã, quando, tu passas com passos firmes, porém, decidida, num cumprimento com que me acenas e com um desejo escondido que vejo no teu fugaz olhar.
IV- Tu me desequilibras, e eu me naufrago em ti como um mergulhador perdido em escuras águas, somente diviso a tua esguia silhueta que, de súbito, foge-me como relâmpago rebelde refletido entre algas e conchas.
V- Encanta-me, seduza-me e me transmite a inspiração de que preciso, para eternizar-te nos meus poemas leves e reverentes, ocasião em que, a minha emoção assombra-se e foge-me o sentido prático da vida.
VI- Oh, como te pressinto, eu sei que tu também me pressentes, o teu olhar é um mar lânguido e, assim, eu me perco neles, entre moluscos e as estrelas marinhas que contem. Tuas mãos são claras e grandes, e levas suavemente junto ao teu belo corpo como se fossem relíquias minhas.
VII- Quero-as para mim, nesse momento só sei que as quero como instrumentos inefáveis para a feitura de carinhos insistentes sabidamente apropriadas. Oh deixa-me afagá-las, entrelaçá-las entre as minhas como as velhas heras trançadas e entrelaçadas em muros velhos, mas hiantes por um suave sol.
VIII- Tomara que, em ti estejam acumuladas todas as ternuras e todos os encantos. Mas se houver uma sombra de angústia, eu a moverei com ternos afagos e presteza, para que, não paire sobre ti, sequer, uma sombra de tristeza.
Eráclito Alírio.