CONTUDO A ESPERO
CONTUDO A ESPERO.
Hoje, a espero ansioso como nunca,
Num misto de saudades e de encanto.
É como se esperasse pela sorte.
É sabido que ela vem, entretanto,
Tenho medo da sua súbita ausência.
Eis que me preparo, já, e de pronto,
Para o seu passar, a sua eminência.
Talvez, ela não venha devido à chuva.
Espio a rua numa louca insistência,
Diviso um vulto, mas a vista é turva.
Longe, muito longe, anima-se uma figura,
Não é ela, o seu andar, normalmente, o conheço,
É simples, gracioso e com desenvoltura.
Agrada-me olhá-la de forma diferente,
Sem ao menos, de repente, vir a conhecê-la.
Ela é nuvem, intocável, branca e passageira.
Dos meus sonhos desejosos e irreverentes.
Mesmo assim transitória é bom vê-lá,
Passar cabisbaixa, com pressa, uma garça ligeira.
Ante os meus olhos atônitos e demais sofridos,
Melhor mesmo, seria para mim, duma vez tê-la.
Eráclito Alírio