CONTUDO A ESPERO

CONTUDO A ESPERO.

Hoje, a espero ansioso como nunca,

Num misto de saudades e de encanto.

É como se esperasse pela sorte.

É sabido que ela vem, entretanto,

Tenho medo da sua súbita ausência.

Eis que me preparo, já, e de pronto,

Para o seu passar, a sua eminência.

Talvez, ela não venha devido à chuva.

Espio a rua numa louca insistência,

Diviso um vulto, mas a vista é turva.

Longe, muito longe, anima-se uma figura,

Não é ela, o seu andar, normalmente, o conheço,

É simples, gracioso e com desenvoltura.

Agrada-me olhá-la de forma diferente,

Sem ao menos, de repente, vir a conhecê-la.

Ela é nuvem, intocável, branca e passageira.

Dos meus sonhos desejosos e irreverentes.

Mesmo assim transitória é bom vê-lá,

Passar cabisbaixa, com pressa, uma garça ligeira.

Ante os meus olhos atônitos e demais sofridos,

Melhor mesmo, seria para mim, duma vez tê-la.

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 23/11/2006
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