Êxodo
Todo mudou.
Arvoredos gorjeiam, pássaros florem,
chuvas são piscinas balsâmicas d’incenso de mirras,
e o sol, ah este rei poderoso,
perdeu a coroa para as luzes do amor que respiro,
que juntos respiramos,
no qual nadamos entre sorrisos e almos espantos,
por ver caminhos bifurcando tal ípsulon à novas veredas,
inéditos sonhos, ganas mais severamente vorazes,
não que meus remotos sonhos durmam,
continuam cá dentro de mim,
êxodo os tronou jubilosamente!
O amor que me renasceu,
prefiro cantar nestes versos,
em que beijos não atropelam
e abraços não esmagam palavras,
simplesmente a emoção virgem
de duas almas gêmeas se deita
e se nutre do incrível gozo que as elevou às Alturas,
desde que nimbos sob meus pés estenderam degraus rumo ao paraíso
e também, principalmente, as tuas mãos amadas,
asas que o destino me deu para voar o vôo uníssono!
Reverencio teus lábios,
instrumento do amor que me permitiu lembrar
o gosto dos beijos beijados n’outros lares antes coabitados
e possibilitou arder a pira sagrada do meu rio interior,
que jamais se cansou de contorcer
e permear meandros da carência de buscas insanas,
perfumadas de esperança!
O amanhã que acaba de chegar na carona do amor,
recende a realidade que perseguimos nos sonhos,
toda uma vida de vidas separadas,
com promessas latentes do destino,
de nos ungir e comungar no paraíso,
que por fim acaba de nos abrir
seu portal mais secreto!
Santos-20/11/2006