Tédio
Tédio
Tédio, que remédio posso tomar?
Incrédulo no mais que possa tardar
Não me acontece nada de novo, de novo
O tédio se alastra, rastejando, movendo-se pegajoso pelo chão.
Ouço até seu barulho molhado, escuro como a noite, invisível como sempre esteve antes.
Deixa-se a cada pequena fresta, entre os tacos de madeira, asqueroso como sempre esteve.
Segura os ponteiros que rodam e rodam sem sair do lugar.
Tirando o brilho de meus olhos que no vazio se perdem.
O balanço de minhas pernas de nada adianta, apenas excitam o ar a sua volta, que logo volta ao seu lugar, no mais tedioso movimento.
Novamente ele, agora com seu tic-tac cadenciado, como gotas de água cinza a cair num molhado negro.
Os olhos fechados de nada adiantam, pálpebras transparentes.
Tédio, que remédio?
De nada adianta escrever, me perco em palavras inúteis como estas, estas mesmo que estás a ler.
Escritas num passado, que seu presente não há de acreditar.
Peguei o tédio e vou revidar.
Pois aprisionei o safado nestas palavras e ele nunca irá escapar.
Deixarei o tédio com tédio, para que não haja remédio.
Só pra ele aprender que quando eu o prendi aqui, comecei a me divertir.
Tou me acabando de rir....
2005