Um nome de MULHER
Carlos Sena
Não importa que nome tenha. Se Maria, Josefa, Joana. Pode ser margarida, verbena, rosa, dália, orquídea. Não importa que nome tenha. Tampouco pra onde vai nem de onde venha. Não importa a cor. Loura ou morena, Capiba nos recomenda. Mas se não importa que nome tenha, que alcunha a gente busca pra definir a luz e a leveza dessa singularidade plural indefinível?
Poetas: correi!
Profetas, o que direis desse ser sem nome? Codinome beija-flor? Flor que não se beija? Rumo que não rumoreja? Manha sem artimanha? Pedra que não apedreja? O que direis vós, oh estetas? Em que tetas nossos filhos vão beber o estribilho do amor? Em que festa serão cantadas loas entoadas na construção do afeto? Em que tetos, arquitetos, a gente abriga seres anoitecidos de paixão e amanhecidos de perdão?
Poetas: correi!
Sacerdotes: que direis?
Eu sei que qualquer palavra será pequena e que qualquer frase será deserta, para precisar um valor agregado de amor, luz, paz, perdão, sabedoria, resignação, altivez...
Não importa que nome tenha. Mas convenha, MULHER:
“como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar meu olhar, meu olhar”...