O gosto de amar

Quem nunca desvencilhou da penumbra fria de uma estrada desbravada, não reconheceu em si a significância mais remota do amor. Quem nunca abriu o coração para provar os sentimentos mais inócuos que o amor nos traz, não sabe o gosto mais singelo e profundo da vida. O gosto de amar é aquele que vamos embora sem querer ir, mas mesmo indo, ainda permanecemos no coração de quem nos ama. É como uma música que toca ininterruptamente acompanhando as batidas do coração, e de súbito nos depara com o frio na barriga, o coração palpitando e a lembrança na mente, como uma velha fotografia, sim, uma fotografia em sépia esperando por um beijo a colorir novamente.

Quem nunca amou é como se fosse um cais sem as docas para o barco ancorar. Contudo, quem ama e tem em si um grande porto pode descarregar abraços e beijos externando todo o carinho e recebendo de maneira imensurável toda a alegria de estar ancorado pelos braços de quem ama.