Despedidas
O silêncio da madrugada ninou todos os meus sonhos...
(Deslizei para debaixo dos lençóis frescos e me virei durante um século
para encontrar uma posição confortável, contemplando com terror
os ponteiros do despertador que giravam em direção à manhã.
Despedidas deixam a gente assim, com a sensação de início.
E eu queria mesmo era ficar cega no escuro. Não lembrar-me de mais nada, desprender-me do mundo, morrer de tristeza e abandono.
Queria antes de tudo, ser amiga do sono, íntima do travesseiro para que ele não espinhasse tanto a minha cabeça assim...
Queria ser vazia, reencontrar-me com o sabor de morangos do milk-shake da infância, do cheiro do suéter de mãe, do aroma da sopa
e de tudo o que traquiliza, afasta o medo e aquece...
Olhei o quarto na penumbra, me senti solitária aqui.
Pedi perdão pelos meus, pelos seus, pelos nossos erros.
E Adormeci...)