Despedidas

O silêncio da madrugada ninou todos os meus sonhos...

(Deslizei para debaixo dos lençóis frescos e me virei durante um século

para encontrar uma posição confortável, contemplando com terror

os ponteiros do despertador que giravam em direção à manhã.

Despedidas deixam a gente assim, com a sensação de início.

E eu queria mesmo era ficar cega no escuro. Não lembrar-me de mais nada, desprender-me do mundo, morrer de tristeza e abandono.

Queria antes de tudo, ser amiga do sono, íntima do travesseiro para que ele não espinhasse tanto a minha cabeça assim...

Queria ser vazia, reencontrar-me com o sabor de morangos do milk-shake da infância, do cheiro do suéter de mãe, do aroma da sopa

e de tudo o que traquiliza, afasta o medo e aquece...

Olhei o quarto na penumbra, me senti solitária aqui.

Pedi perdão pelos meus, pelos seus, pelos nossos erros.

E Adormeci...)

AURORA ZANLUCHI
Enviado por AURORA ZANLUCHI em 16/12/2010
Reeditado em 06/11/2011
Código do texto: T2676152
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