Paixão insuspeita
Ele andava pelas ruas sereno, calmo e pensativo. Por um mesmo lugar passava dezenas de vezes e sempre crendo ser a primeira vez. Absorto ficava, vagueando em si estava ele. Perambulava olhando a esmo, sem nada mirar, nem prender-se a alvo algum. Seus movimentos eram lentos, seus passos curtos. Porém, um rastro de sangue o seguia e um manto de pétalas cobria o chão no qual havia pisado. Por baixo da calmaria, o mar daquela vida estava deveras agitado: sua alma estava florida e seu coração sangrava por alguém que sequer desconfiava de tal agito. Explodia ele de alegria só em pensar nela, implodia ele de amargura por não tê-la perto de si. E assim seguia calado, e assim sofria sozinho. Mas, para todos os efeitos, era um homem sereno, calmo e pensativo. Quem diria!