ROSA DOS VENTOS.
Não há lugar que abrigue o solitário,
Se, de coração aberto,
Pode abrigar o mundo
No vazio que lhe replena o ser.
De tudo e todos vivo desterrado!
Posto fora de mim mesmo,
Como um barco sobre as águas,
Arrastado de um lugar a outro
Pela emoção que move o mundo.
Fecho os olhos e digo:
Vai, amor, seja meu guia!
E sigo livre de agir como entendo.
Norte, Sul, Leste e Oeste
Roteiros imprecisos
Para a bem-aventurança prontamente desejada,
Para a mais alta beleza, para o amor e para a divindade,
Que são completos e definitivos em si
E ultrapassam culturas, credos e gerações!
II
Contestando o presente em desatino
Ao destino submeto-me.
Enquanto flui o tempo indiferente,
Por tudo o que não fui,
Na ilusão de ter poder, pelo amor,
E pelo o que ainda posso ser
É que me apego à vida
Na indefinida Lenda Pessoal.
É certa a ventura
Nesta aventura de ser?
Alternando os passos, a cada dia-a-dia.
Além e mais além, na sucessão dos fatos,
Permaneço fiel a mim mesmo,
Pouco importa o que possa acontecer.
Pelas latitudes e longitudes do mundo
E nas incertezas do destino
O meu coração é o indicativo dos rumos
Onde quer que eu esteja,
Nele deixo o meu olhar.
Peregrino e forasteiro,
Náufrago ilhado na multidão.
No monólogo das distâncias
É silenciar, querendo aos gritos.
Entre dois pontos
O amor é uma reta,
Se há labirintos
É caminhar.