Da Arte e pouca prece

Não tenho medo de louvar a Arte.

Quem louva a arte morre mais cedo

Sente mais dor e perde o mundo

Para além dos olhos.

Nem frio na barriga sinto.

O chapéu não ofusca o brilho

Do homem que sonhou arriscar.

Nem o mar...

Mesmo que dos dois

Formassem um par.

Pra além dos sóis de novembro

Há uma meia primavera

Que parece e carece nunca acabar.

Não sei, mas por meio século

Ela parece ter mudado.

Então não vai pra longe de mim.

Se margaridas me trouxeres

Te dou o amor que quiseres

Faz de mim sol estático

Que tu não conheces.

Não recomponha seus desenhos no verão

Já dominamos em voz de protesto sua partida.

Habita no fim de cada estação,

Como um velho mendigo roncando

No final da vida.

Guarda de mim teu segredo...

Te quero fazendo sombra na Arte que eu plantei

E nem sequer colhi.

Te espero mais umas sessenta vezes,

E quando for o derradeiro dia não esquece:

Cuidado, já tenho ruga, pouco cabelo e nenhuma prece.

L Figueiredo
Enviado por L Figueiredo em 04/11/2010
Código do texto: T2595780
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