INDIGNADOS
ELE OUVIU PERPLEXO O QUE ELA DIZIA, ESPEROU ATÉ A ÚLTIMA PALAVRA E REPETIU-AS PARA VER SE ERA VERDADE O QUE ACABARA DE ESCUTAR.
COM OS OLHOS MAREJADOS, DISSE QUE ESTAVA PASMO, FALOU DA SUA DECEPÇÃO, COMPAROU-A A TODAS AS OUTRAS DA FACE DA TERRA.
SENTIU-SE DESOLADO, PERDIDO... SE EXPLICOU, SE JUSTIFICOU, ACUSOU-A DE INGRATA E CHOROU.
CHOROU PORQUE JULGARA-SE SEMPRE CERTO, AMÁVEL, ATENCIOSO, PRESENTE. E ERA.
RECONHECEU ALGUNS DESLIZES, MAS AINDA ACHOU QUE MERECIA MAIS CONSIDERAÇÃO. E MERECIA.
ELA, CABISBAIXA, CORAÇÃO A SALTAR PELA BOCA, SABIA O QUE AQUELAS PALAVRAS CAUSARIA NELE, O QUANTO ERA DIFÍCIL DIZÊ-LAS. MAS DIRIA.
SABIA QUE ISSO DESCONSTRUIRIA TODA A ADMIRAÇÃO QUE ELE LHE DEDICAVA DESDE QUE SE CONHECERAM. NO ENTANTO, ERA ASSIM QUE ELA SE SENTIA NAQUELE MOMENTO: INDIGNA DE PEDESTAL, TÃO COMUM, MEDÍOCRE, CARENTE E EGOÍSTA COMO "TODA AS OUTRAS DA FACE DA TERRA".
ELA NÃO QUERIA MAIS DO QUE ELE PODIA DAR, ELA ESTAVA REINVINDICANDO O QUE LHE ESTAVA SENDO SUBTRAÍDO, NÃO SÓ PELAS CIRCUNSTÂNCIAS, QUE ELA PODIA ENTENDER, MAS PELAS ATITUDES DELE, QUE JÁ NÃO ERAM AS MESMAS.
ELA DESPEJOU SUAS QUEIXAS SOBRE ELE.
ELE RECEBEU-AS COMO BOFETADAS.
COM O TEMPO, AS DORES DOS DOIS ENCONTRARAM LUGAR NO CORAÇÃO DE CADA UM. JUNTARAM-SE AS OUTRAS DORES, ACUMULADAS AO LONGO DA VIDA. AOS POUCOS, A SEU MODO, CADA UM DELES FOI SE REFAZENDO. TENTANDO ENCONTRAR UM JEITO DE VIVER COM MAIS ESSA. E VIVERAM.