Acalanto

Infla as narinas, fazendo entrar mais profundo o ar, tentativa frustrada de amenizar a dor.

Como aplacar tamanho sofrimento?

A angústia que sufoca e me aperta cada vez mais o peito deseja verter as mágoas veladas em torrentes de lágrimas. Mas eu não deixo!

A tristeza é crescente e vai se acumulando nos meus olhos, torna-se penoso o pestanejar.

Tento não trair-me, mas existe força demais nessas incertezas.

Meus sentidos se confundem e todo meu ser se perde no vazio.

Um abismo se abre e a escuridão me envolve num abraço frio.

Num ritual lento de tortura vai fugindo de mim a esperança.

Até o momento exato no qual sou pega por teu abraço e o teu ar vai controlando o meu, me aperta contra seu peito com a delicada força do amor. E como num resgate meticuloso, me envolve na tua segurança e ao invés de sentir cristais líquidos deslizando minha face, sinto se dissiparem transformando-se em estrelas dançando no céu da boca.

E no teu beijo carinhoso encontro a paz!