?

Adeus à minha inocência, hoje, finalmente eu não sou mais o que eu era. No que é que eu sou diferente? Creio que na preguiça e no descompromisso com as coisas. É, isso vem aumentando... eu devia lamentar, mas estou passivo diante de minhas frustrações. E o que eu devo ou não fazer? Primeiramente, estou observando. Aprendendo e verificando onde estou errando. Em seguida, pretendo mudar coisas há muito não mudadas. Mas com o tempo. Afinal, o tempo vai passar de qualquer jeito... O tempo não será mais o mesmo daqui por diante. Há anos eu reparo no quanto os dias se aceleram. Acho que é nisso que eu me baseio. São nessas circunstâncias que eu apoio toda minha preguiça. Pra que lutar contra o tempo? Hei de ser, hei de erguer...

Não há chamas,

Não há mais forças.

Os dias vindouros já se foram

E eu sequer os vi

Travado em meu corpo

Destituído de gana

Vazio de combustão

Parado e estagnado

Vejo as sombras tomando formas

Vejo a luz que se esvai

Não vejo o tempo,

Se é que ele um dia veio.

Trabalho contra o torpor

Nem sempre saio vitorioso

Na verdade, nem sempre sou derrotado

Mais um dia que se foi

Mais um ano de minha vida

Nada sou, nada serei

Sustento-me em vãs esperanças

Sorrio diante das adversidades

Só não reajo de imediato

Vejo tudo me acertar

Respondo com frustrações

Não ataco, não luto

Sou atingido por cada desacato

Sou ferido por qualquer palavra

Pouco me importo

Pouco quero me importar

Tampouco digo verdades

Não digo mentiras

Somente as invento

Afinal, qual é o meu sentido de vida?

Mais um “sei lá” me atormenta

Onde encontrar respostas?

Já cavei fundo dentro de mim

Olhei para o dentro e nada vi

Não estava em casa

Onde estou afinal?

Quem sou eu?

Pra que estou aqui?

Nada reconheço

Suponho estar longe do fim

Mas que fim é esse?

O dia acabou

Assim como a oportunidade

Lá se foi mais um compromisso

Lá se vai ele

Vai bem rápido, foi partindo

Trágico, confuso, desgastante

E se pudesse, exatamente neste instante

Mudaria tudo de novo

Reflito e reflito

Só nisso me baseio

Nada de peso

Nada de culpa

Uma jogada, um desafio

Pego-lhe na trapaça

Engano-lhe com astúcia

Recomendo sua retirada

Minha vinda está chegando

Estudo, estudo e estudo

Verei até onde posso afundar

Já até toquei o chão

Tomarei impulso para voltar

Mais uma espiada

Mais uma reflexão

Mais um minuto

Mais um dia

Nada disso importaria

Se não fosse comigo

Assim, destravo

Abro e escuto

Ouve o que eu ouço?

Não, está cego e surdo a me sufocar

Mas de lá do fundo eu voltarei

E atacarei sem perdão

Obrigar-te-ei a devolver-me

Cada segundo que tomou de meus dias

Entristeça então,

pois dois não podem sorrir ao mesmo tempo

E será nessa condição

Que quem rirá por último

Serei eu...

Pedro HD Delavia
Enviado por Pedro HD Delavia em 26/09/2010
Código do texto: T2520927
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.