O Vento

Quando tinha aproximadamente quinze anos pensava ser poeta, fiz um caderno com papéis antigos e ali escrevia tudo que vinha à cabeça. O tempo foi passando e subitamente parei. O caderno ainda existe e guarda consigo os fragmentos de uma memória pueril.

Por esses dias eu estava relendo o que tinha escrito e de repente voltou as boas lembranças da escolha da vida, alguns medos, flagelos etc. deparei-me com um texto que se chamava “Vento”, que hoje eu vejo em sua essência a bagagem que o tempo nos trás: perdas, ganho, ciclos...

Gostaria de iniciar esse processo de criação de textos, que ainda não sei como classificá-los com esse poema:

Vento

O vento passa...

e com ele sinto o tempo

leva os anos consigo

lá vai o vento.

Chega à noite

chove, venta, troveja...

amanhece...

o sol resplandece

Lá vai o vento

sinto que leva os meus anos

não fiz nada, não produzi nada

em minhas horas vagas

Novamente chega a noite

já é tarde

e eu com todo o meu arrependimento

... leva-me o vento.