Uma Manhã Qualquer

Acordei. Mas ainda estou deitado na cama. O dia está frio, assim como os cemitérios, mas faltam as flores, o perfume, a saudade. Estou só, no meu quarto. Acho que vou abrir os olhos. Ou não?. Temo que a outra parte de mim morra com algum susto no clarear da retina, sim, pois uma parte de mim morreu da mesma maneira: a luz da manhã a matou. Tenho minhas dúvidas, mas creio que morrer por inteiro não deve ser agradável, nem divertido: quero ver a minha ruína! Esplendida! Eu sucumbindo e subindo para baixo.

Ah!. Convenhamos. Viver também não é algo excelso, sejamos sinceros. Só existimos para realizar os gestos fatais. Sim, há um pré-destino. E nesse fatalismo, essa é a imagem que às vezes recebo: a de que somos os quase-mortos respirando uma vida quase-viva. Sim. Assombroso de tão natural. Mas não desejo assustar ninguém, afinal de contas, o dia só está começando. Talvez eu só esteja deprimido, por isso, esteja escrevendo assim: palavras fantasmas.

Ou quem sabe pretenda apenas fazer um roteiro para um filme de horrores, onde os opressores vencerão. Não sei o que quero, o que espero.

Mas tudo bem. Encerro por aqui. Vou levantar da cama, ou carrega-la por onde eu for, afinal, tenho um dia inteiro adiante. Sim. Mais um dia. Pra viver. Pra todo morrer. Pra não maldizer.

O Bruxo

Lui Jota
Enviado por Lui Jota em 31/08/2010
Código do texto: T2471251
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