Uma Vida De Amor

Levei um século para ter vinte anos.

Montanhas de sensações em um diário íntimo,

com lembranças correndo atrás de mim e mesmo assim, sempre me senti só.

Depois disso o tempo voou...

Andei depressa demais, atropelando músicas, livros, palavras e os sonhos. E o que me inquieta e ameaça é o que não tenho vivido e durante algumas horas a minha vida torna-se

um jogo de paciência incansável.

Encontro-me mesmo é na casa da minha infância, onde até os objetos têm alma e esperam a minha volta. Onde as minhas bonecas

ainda usam vestidos de tafetá cor-de-rosa engomado, a campainha têm o mesmo som, os sininhos da porta de entrada ainda tocam quando o vento bate e os pássaros afiam o biquinho na calha...

Então eu vou, eu volto...,eterna passageira em trânsito. A que nunca esquece de onde vem, mas sempre para onde vai.

A conexão é anunciada e quase nunca cai. Sem chance de mudar de ideia, me esperem para a ceia... e não há tempo para desfazer as malas.

AURORA ZANLUCHI
Enviado por AURORA ZANLUCHI em 31/08/2010
Reeditado em 24/04/2012
Código do texto: T2470260
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