Uma Vida De Amor
Levei um século para ter vinte anos.
Montanhas de sensações em um diário íntimo,
com lembranças correndo atrás de mim e mesmo assim, sempre me senti só.
Depois disso o tempo voou...
Andei depressa demais, atropelando músicas, livros, palavras e os sonhos. E o que me inquieta e ameaça é o que não tenho vivido e durante algumas horas a minha vida torna-se
um jogo de paciência incansável.
Encontro-me mesmo é na casa da minha infância, onde até os objetos têm alma e esperam a minha volta. Onde as minhas bonecas
ainda usam vestidos de tafetá cor-de-rosa engomado, a campainha têm o mesmo som, os sininhos da porta de entrada ainda tocam quando o vento bate e os pássaros afiam o biquinho na calha...
Então eu vou, eu volto...,eterna passageira em trânsito. A que nunca esquece de onde vem, mas sempre para onde vai.
A conexão é anunciada e quase nunca cai. Sem chance de mudar de ideia, me esperem para a ceia... e não há tempo para desfazer as malas.