Tempo de Baunilha
Fecho os olhos e creio encontrar a maciez angorá daquele abraço...
O nariz enterrado naquele suéter preto, na névoa rosada de uma luz enfraquecida que dava ao quarto uma cor de anil.
As horas escoaram rapidamente o nosso tempo, como num gigante funil, desfiadas por um grande relógio de pêndulo de cobre, que dançava ao som das tardes de inverno. Era a época da baunilha...e do cheiro das geleias acomodadas em potes floridos e rotulados à mão. Tal qual o ambiente que trancado, aprisionava o calor na penumbra do anoitecer e, sem dúvida, a mim também, que enlanguescia na maciez de um sofá vermelho...