A PRAÇA DA REPÚBLICA
A PRAÇA DA REPÚBLICA.
CHAGASPIRES.
QUAL NÃO FOI O MEU ESPANTO, AO ME DEPARAR COM AQUELA CENA DANTESCA.
A PRAÇA DAVA A IMPRESSÃO TRATAR-SE DE UM CAMPO DE BATALHA.
O CHEIRO ACRE QUE EXALAVA DE SUAS ALAMEDAS, PARECIA MAIS COM O DE UMA LATRINA E NÃO DA PRAÇA QUE EU HAVIA DEIXADO DOIS DIAS ANTES, NA SEXTA-FEIRA DA SEMANA PASSADA.
A PRAÇA DA REPÚBLICA SITUA-SE EM FRENTE A DOIS PALÁCIOS: O DO CAMPO DAS PRINCESAS E O DA JUSTIÇA, NO CENTRO DO RECIFE.
COM SEUS JARDINS BEM CUIDADOS E SUA FONTE LUMINOSA, TEM SEMPRE UM AR DE FIDALGUIA QUE EMPOLGAM OS QUE A VISITAM.
EM UM DE SEUS LADOS O TEATRO DE SANTA ISABEL E NO OUTRO, O RIO CAPIBARIBE.
NAQUELE DIA, COM BARRACAS DE PLÁSTICO PRETO, FOGUEIRAS, PANELAS CHEIAS DE FULIGEM, CRIANÇAS SUJAS E GENTE DESCUIDADA POR TODA PARTE. TINHA-SE A IMPRESSÃO DE QUE ALI HAVIA ACONTECIDO UMA GUERRA DE FINAL DO MUNDO.
PARECIAM SERES ALIENÍGENAS VINDOS DE OUTROS LUGARES.
TUDO HAVIA MUDADO.
AS FLORES JÁ NÃO EXALAVAM SEU PERFUME, O VENTO QUE VINHA DO RIO, PARECIA HAVER TOMADO OUTRO RUMO, FUGINDO DA VERDADE. ATÉ O BAOBÁ, PLANTADO EM UM DOS CANTEIROS, PARECIA ESTAR INCONFORMADO COM A SITUAÇÃO, POIS SUAS FOLHAS TINHAM UM “NÃO SEI QUE DE MELANCOLIA”, E DEIXAVA TRANSPARECER UMA REVOLTA PELO QUE ALI ACONTECIA.
NA CALÇADA, QUE ESTÁ SITUADA EM FRENTE AO PALÁCIO DAS PRINCESAS, TROPAS DA POLÍCIA MILITAR FAZIAM UM CORDÃO DE ISOLAMENTO, SEPARANDO OS DOIS UNIVERSOS; A SUNTUOSIDADE DOS GOVERNADORES, E O DESCASO PARA COM AS PESSOAS GOVERNADAS.
QUANDO CHEGUEI FINALMENTE AO MEU LOCAL DE TRABALHO, (CASA MILITAR DO GOVERNO DO ESTADO), TOMEI CONHECIMENTO QUE AQUELA GENTE ACAMPADA NA PRAÇA, ERA OS “SEM TERRA”; MAIS UM GRUPO DE PESSOAS QUE PROTESTAVAM POR SEUS DIREITOS.
NAQUELA PEQUENA SOCIEDADE, ENCONTRAVA-SE O RETRATO DA ATUAL SITUAÇÃO DO PAÍS.