DE PEITO ABERTO

Ah, os apologetas da justiça universal

Desconhecem o cidadão da metrópole ou do campo

Os da rua?

Nem lhes dedicam um mínimo do valioso tempo.

Ah, os escribas no templo de Salomão

Charfundavam- se nas leis para os outros

E sob proteção divina garbosamente enganavam o povo.

Ah, os teóricos sapientes das revoluções

Dos livros declamam passagens inteiras

Mas se retraem tão logo se precisam provar as teses.

Ah, os senhores da guerra e suas táticas

Sobre mapas e cálculos de movimentação

Afastam-se do campo de batalha e contam vitórias

E corpos abandonados decoram o teatro da guerra.

É preciso que a justiça a todos atinja

É preciso na vida ser sincero a todo sempre

É preciso colocar em prática a teoria

É preciso ir a campo testar as táticas.

Não é de heróis que precisam

Nem tão pouco de doutos senhores.

Há no caminho obstáculos

Há nas amanhã novas forças

E sob o desejo comum

Não desistam da luta empenhada.

Aos canhões apontados

A multidão avança

E sob gritos e de mãos dadas

Vençam a procela soldadesca

E a magnânima autoridade

Incrédula no que à distância assiste

Irrompe pelo nobre salão

E sem ver sua ordem acatada

Charfunda-se no líquido ardente.

Aos trabalhadores a história às mãos

Aos hediondos usurpadores, o desprezo.