Estações...
Tantas caminhadas, tantas estradas
Longas, estreitas, sacrificadas, estafantes
Subidas tão ígrenes, súbitas descidas
Emburacadas, enlameadas, empoeiradas
As vezes floreadas, perfumando passos
Tanta chuva, tantos ventos, tempestades
De frio, calor, medos, fugas, arrepios
Coragens arrancadas do fundo de mim
Me levaram adiante me levam enfim
Vislumbrando primaveras, curtindo verões,
Passando outonos, invernos sem fim
Alcançar estradas, percursos amenos
Caminhos sem contramão
Agora que vislumbro tal façanha
Meu corpo as vezes me engana
Já não sou uma imagem da vívida
A mente viaja, escolhe e solicita
O corpo não mais entende, nubra
Tão longe de seu principio, minha estrada
Já vislumbro essa tal linha de chegada
Seguro tempo, foge-me o pensamento
Fecho os olhos se faz inverno em mim
Puxo minha manta, espero outra vez a primavera
Acho que nevou... meus cabelos ficaram brancos!