Pesadelo
Foi em um dia ensolarado, pequenas nuvens desfilavam bem longe no horizonte e o vento sopra fresca brisa... Era primavera, o sol não queimava, apenas aquecia. Pássaros revoavam e borboletas bailavam ao vento junto às pétalas de rosas.
Eu sentando a beira do riacho a molhar meus dedos despreocupadamente na límpida água que corria vinda de um manancial escondido entre densa selva. Pensava na alma, enamorava-se por minha imagem refletida. Olhos fechados a degustar a caricia de uma brisa morna.
Sentado no seio da minha existência idealizei uma pequena choupana na outra margem, talvez plantar legumes e folhas. Em meus devaneios esquecia o pomar atrás de mim e adensa floresta que me oferecia milhares de escolhas. Meus pensamentos queriam alçar vôo e já me via construindo uma cabana. Talvez fosse preciso cercar minha horta. Não sabia que minha cerca levaria outros a crerem que o que eu tinha era de suma importância ao invés de perceber que era tudo que já tinha livremente em meu planeta.
Aguçada a curiosidade de terceiros pela minha empreitada me fez idealizar um pequeno comércio, talvez empregados.
Minha cabana em meus delírios deveria ser substituída por galpões e agora seria necessário método de armazenamento para que meus produtos tivessem aparência de recém colhidos. Embalado e manufaturados quem iria dizer que os meus não eram melhores dos que os alcançados pelas mãos no galho de uma árvore no momento do consumo, ou retirado da terra na hora do almoço.
Deitei por sobre a relva molhada e senti o sol já a pino aquecer-me o rosto. Fechei os olhos e em meus desatinos idealizei um projeto de segurança para meus negócios. Armas contra um ladrão, uma quadrilha, um exercito, uma nação... Quem sabe eu possa dividir um átomo.
Pude ver um clarão no horizonte. Pássaros pessoas e animais sendo mortos e frações de segundo meu riacho evaporando, pétalas de sangue, um buraco no céu e um inverno nuclear... Meu Deus! Acordei. Um pesadelo. Vou ver televisão, hoje teremos noticias sobre Hiroshima e Nagasaki