Batendo à Porta
Não sei se o mundo sempre foi assim, apressado, organizado e extasiado.
Para mim, que cheguei sem pressa, vi tudo em controvérsia... Ainda duvido que cheguei.
Estou carregando a bagagem que ainda não me foi entregue, e pode ser bobagem, mas é o destino quem me segue.
Minha pátria pode ser o abrigo de um guarda-chuva, e mesmo que eu perca a ajuda, ainda acudirei ao que pede.
Há um solstício em meu derradeiro encontro com a vida,
Onde só vejo uma saída,
Ou vão-me os indícios,
Ou finca-me a eternidade sem despedida.
Vou bater à porta onde sonhei ouvir uma cantiga de ninar, apesar desta idéia morta, creio ler meu nome escrito em algum verso ainda não dito.
Se houverem janelas, todas elas serão exílios, conterão grandes segredos em seus caixilhos.
Queridos ser-me-ão todos os corações indeferidos, e não sendo definidos seus propósitos, lacrarei em orações este portão desmedido.
Parece-me uma retorta indômita este usufruir de códigos ingratos,
Onde só encontro hiatos.
Toda vez que bato à porta,
Repercutem-me as parábolas dos guardiões abstratos.