Dorian Gray

Quando nos olhamos no espelho o que vemos? O que há no reflexo de nossos olhos, o que há em nosso sorriso. Quais as marcas em nossa imagem. O que ela nos diz?

No final, após acurada analise, identifiquei minha alma no espelho. Os meus olhos a transmitirem o cansaço de minha curta vida. Meus lábios a dizerem cruéis verdades. Meus pecados se estamparam em mim, e por um momento sou um livro aberto, uma alma perdida a contaminar minha carne a envenenar meu espírito.

Estavam todos ali, todos os meus erros, todos meus caminhos maus. Esculpido em Carrara a imagem do mau que se instalou em mim. Devassar minha alma através das pupilas que me fitavam no espelho fez correr por minha espinha um ar gélido. Um olhar tão mau não pode ter um doce destino ou um glorioso final.

Faltava ali a imagem e semelhança de Deus. Ficou apenas uma natureza caída, maus hábitos, nenhum conceito real, apenas preconceitos.

Um mau agouro a pairar no ar.

Edson Duarte
Enviado por Edson Duarte em 31/07/2010
Reeditado em 31/07/2010
Código do texto: T2410143
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