Lua crescente

Não sou mais quem fui.

Talvez não mais o que sou, resumo de mim: terra e pó, em água - lama. Barro que se molda, enfraquece, se torna vaso, rosa, imagem, nas mãos do oleiro. E no fim, resta nada, faceta isenta, só.

Objecto, vida fantasiada em circulo.

Gosto, gota de água que evapora, se esgota, não humedece e desce, desce de novo ao mar, sem lar, sem rumo.

Fumo.

Nuvem pássaro, nuvem alazão, nuvem que negra, não se fere, não magoa e ao fundo a sombra é brilho - Não há lua, não há sol, só o mar, que se estende e mente, enrola a areia em seus dedos, sufocando as pedras contra o peito.

Dói, mais que a perfuração, a adoração do vento que angustiado uiva pelo abismo.

Sismo

risco, que rompe a terra, o pó, vertendo o mar e arrefecendo o núcleo, o pulso, as melodias e ais em sintonia - sinfonia natural.

Madalena Castro
Enviado por Madalena Castro em 13/06/2010
Código do texto: T2317617
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