LÁGRIMAS DE SAUDADE E AMOR
 
Por quase dezessete anos, tive Teca como companhia. Ela era parte da família. Quando viajávamos, a primeira bagagem a ser arrumada era a dela. Nada podia lhe faltar. Conhecia-me tão bem quanto eu a ela.
A cada dia se humanizava mais e mais, enquanto homens se animalizam enlouquecidamente. Em outras épocas, eu diria que a humanização dos animais era impossível, fantasia; hoje, penso diferente; eles são tão sensíveis e capazes de amar como nós.
No Ginasial, ao ler Vidas Secas de Graciliano Ramos, fiquei bastante impressionada com a cadelinha Baleia, personagem de extrema sensibilidade e perspicácia. Teca não era diferente. Ao ver-me indisposta não se afastava sequer um segundo. Uma solidária e fiel amiga! Quando “questionada”, olhava-me atentamente e depois miava.
Teca tinha uma série de manias. Cedinho acordava-me para tomar seu leitinho morno; depois, comia uma porção de ração com sabor de frutos do mar. Mais tarde, tomava um pouco d’água e ia deitar-se nó pátio. Ao meio dia, seu almoço era uma coxinha de galinha grelhada. A cesta era no sofá. Quando acordava, circulava pelo apartamento. Como janta comia um suculento bife frito na hora.
Seu dia a dia era bem tranquilo: sol, TV, água, comida e afagos. À noite, na hora de dormir, quando percebia a minha movimentação, recolhia-se à sua caminha e não repousava a cabecinha enquanto não lhe desse boa noite. Com frequência, vejo-me a limpar lágrimas, lágrimas de saudade e amor.
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 04/06/2010
Reeditado em 09/01/2014
Código do texto: T2300214
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