Solidão

Sou algo vago...

Sou terra árida seca desesperada por água

Uma idéia mal sucedida dos meus pais falecidos

Num desperdício de vida, Deus um dia me concluiu

e por caminhos estranhos me induziu

Mesmo assim não sou gente. Sou o avesso:

triste, melancólica, indigente,

carregando o fardo do desgosto

de ser como sou. Sem autoperdão

e com desculpa estampada no rosto

sigo assim, cabisbaixa , vazia...

Mal o dia nasce já quero que termine.

E quando a noite chega, previsível e fria,

só faz aumentar as vozes do desespero,

a angústia sufoca e vem aquele aperto no peito...

Nestes momentos, não há jeito, oração,

reza ou sermão que alivie essa solidão.