SOU ESSE HOMEM
Às vezes tenho nas mãos,
O choro e o riso.
Tenho a dor e a alegria,
A flor e a cruz.
Às vezes olho,
Pra onde não deveria olhar.
Ando com quem não devia.
Sonho com coisas que eu gosto.
Já fui lembrado, esquecido.
Aquele que já aqueceu.
Também já criei invernos,
Alimentei infernos.
Plantei jardins,
Reguei flores murchas.
Pisei na grama
E fui repreendido.
Recolhi lagrimas,
Balsamei cicatrizes.
Como também usei e abusei do colírio,
Quando o mundo
Tornou-se vermelho para mim.
Já orei junto numa prece coletiva.
Me recolhi quando a solidão se impôs.
Movi montanhas quando necessário,
Adormeci numa cova,
Quando achei que era o mais conveniente.
A única saída para o momento,
Para o sentimento acovardado.
Sou esse homem...
Que já partiu triste,
Diante do vaso quebrado,
Do espelho embaçado.
Nem tudo consegui entender,
Quando o adeus
Me deu as boas vindas.
Não sou apenas esse homem,
Sou como os demais,
Na limitada intuição,
Na pobreza de entendimentos,
Onde se revela
Minha baixa evolução.
Sou esse homem
Que sonha ir para o paraíso,
Mas nem sempre sabe
Que estrada tomar.
Que flores ou dores levar.
Já me vi de mãos postas
Como também já fugi delas.
Não acreditei, não aceitei
E no desespero, chorei.
Sou esse homem,
Que espera aprender,
Aprender para amar,
Amar para doar,
Para doar sem restrição,
E sem restrição entender,
Que para ser Homem...
É preciso ser muito HOMEM!
Di Camargo, 20/04/2010