Confissão de um Morto Andante
Sou um tolo! Tolice não.
Talvez o que resta de piedoso em meu coração, reconheça que quem faz o papel do demônio sou eu. Morto, risonho de meu período presente. Encontrando felicidade irônica com o ver de pessoas contentes. Indiferente de mim mesmo. Um exacerbado conflito com um inimigo. Que veste as minhas vestes. Que tem o meu sorriso! E que se mostra magnífico, quando fita com seu olhar mais sombrio possível.
Ele inclina sua cabeça ao pé de minha cama e me ri constantemente, e eu ao lado dele, sinto-me amedrontado e chorando por vê-lo. Até que, minutos depois, depois de sua fala fácil e convincente eu me encontre sorrindo e brincando com suas palavras em minha mente!
Talvez ele me conforte mais uma vez com sua voz de treva. Dizendo que depois de enterrado, eu possa retornar com meus braços submersos à minha desconhecida sepultura.
Talvez um dia, eu abra meus olhos, e dentro deles, toda parte branca se cesse, e desse, novo lugar a total escuridão.
Ela tomaria conta de minhas pálpebras e faria com que eu não visse mais a luz! Talvez eu saiba que ela não foi feita para mim
Talvez só me caiba um período que antecipe meu fim. Só sei que me endoido e me repudio nas manhas de domingo, aonde a podridão de meus pensamentos venham me machucar. Onde me debato inconseqüente, querendo como quem entender o que se passa comigo. Sozinho, eu insisto em trilhar as ruínas de meu caminho.
Autor: Alvaro França