Confissão de um Vampiro
Encontro minha face e meu corpo, manso e paciente, não obstante, sentado em um banco infernal sentido seus tridentes ferventes possuindo e fazendo parte de minh’ alma. E nem se quer me lembro, talvez o real motivo de meu surto depressivo, tua face com olhos suplicantes e lacrimantes; esperando como quem deseja que eu faça algo, sabendo que lá no mais profundo do seu ser, você sabia que eu estaria ali por algum motivo. E como num sacudir de cólera você me deu um breve sorriso e disse que tudo estava bem! Eu acreditei! Óbvio, pois saberia que daquele momento em diante sua tristeza estaria correndo em meu coração. Dividindo assim momentaneamente meu sangue ruim da vontade de ser alguém melhor. É exatamente isso que os anjos tentam fazer! Digo “tentam”, pois eles não sabem como é ter agulhas encravadas no seu coração. O único momento célebre e feliz que tive, foi aquele em que me encontrei ouvindo um som magnífico, que de tão inocente parecia cínico, em minha caixinha de musica. A fada de plástico rodava e dançava como se tudo na vida se resumisse em um belo girar de arte. Grande sorte ela tem! Pouco sabe das tristezas que seu admirador vive.
Autor: Álvaro França