Dia do Peixinho...
Eu acabara de ancorar o barco
bem no meio
da laguna onde diziam que havia
muito peixe...
Hum...ela gostava de sentar-se
bem na ponta
do barco e chapinhar com os pés
na água fria.
O sol estava brilhando como os
seus cabelos dourados,
agora trançados numa grossa trança,
porque não queria correr
o risco de um anzol enredando tudo.
Nossas varas de pescar eram simples
caniços,
porque não havia peixes tão grandes
nessa área,
mas se podia pescar acarás, lambaris,
naiubivus, vorazes tabaranas,
tilápias trazidas da África que agora
haviam se multiplicado demais
e alguns cascudos que se
enfiavam no lodo do fundo desse belo
lago.
Ela estava muito animada porque era
a primeira
vez que iria pescar...pois peixes só
conhecia os de aquário.
O barco estava bem estável...
porque era bem largo,
e nele era possível se equilibrar
com relativa facilidade.
Hum...tínhamos de pôr minhocas
nos anzóis...
Ela nem sabia que minhocas
poderiam ser iscas,
e olhou com nojo a minhoca que eu
havia pego da lata...e rindo
meio para dentro...me disse que
jamais poria a mão numa coisa
dessas
porque se sentia enojada...e
virava seu estômago.
Bem ... meu amor...pescar significa
sacrificar minhocas,
senão você não vai pescar nada.
Ah...mas eu tenho dó delas,
e não gosto de matar esses bichinhos.
Está bem,
então deixa que eu mato.
Você é mau não? Coitadinhas das
minhocas.
Bem amor..alguém tem de fazer o
serviço sujo se quiser pescar.
Nisso ela virou os olhos verdes para
o outro lado,
só para não ver eu pôr as minhocas
no anzol.
E logo foi para a proa...onde se sentou
com os pés na água...novamente.
Lhe dei a vara já com a isca e ensinei
como tinha de fazer...A operação de
lançar a linha ofereceu
alguma dificuldade,
porque logo no primeiro lance o anzol
enroscou em sua blusa cor de rosa.
E não saía...além do que a minhoca
a sujou toda.
Finalmente o anzol soltou-se.
Pus nova isca...e lhe entreguei a vara.
Dessa vez ela seguiu melhor as
instruções e lançou a
linha direitinho...o chumbinho bateu
à flor dágua,
e afundou, ficando a rolhinha colorida
balançando alegremente na superfície.
Pus isca no meu anzol,
e lancei também.
E lá ficamos...ela na proa e eu no meio
do barco de pernas de fora...
Os dois bem atentos a qualquer sinal
da rolhinha
vermelha que agora permanecia
paradinha...
naquele lindo espelho dágua.
Tudo estava imóvel...nada se mexia...
Vinte minutos depois,
ela olhou para mim e disse:
pescar é sempre assim chato é?
Não vejo peixe nenhum...
E só porque acabara de falar...sua
rolhinha vermelha afundou de uma vez...
Então ela toda nervosa levantou a vara,
e da água reluziu
um peixe minúsculo que não tinha
mais que 3 centímetros...um desses
acarás cri-cris...rsrs.
Ela não conseguia parar a linha e nem
pegar o carazinho...
Então me levantei com cuidado...o barco
mesmo assim deu uma balançada...
mas cheguei até a linha...e lhe mostrei
o peixinho...
Ela tentou pôr a mão nele, mas ele
esticou a barbatana e ela se assustou...
Ah... não... eu não ponho a mão aí não...
Ele é bravo esse peixe.
Então tive de tirar o acará do anzol
antes que
houvessem mais desastres.
De repente ela olhou entristecida para o
peixinho...e disse: você se importaria de
jogá-lo de novo na água...? Esse peixinho
é tão pequeninho coitado...E logo
acrescentou:
eu não entendo os homens...Eu acho
isso uma
covardia e uma maldade sem limites
pescar esses pobres peixinhos.
Ah... amor...existem criadouros de
peixes que cobram por hora para você
pescar nos lagos deles...virou comércio
tudo isso.
Sabe de uma coisa...esses criadouros me
parecem horríveis e eu destestei pescar...
Amor...você não se incomoda de levar o
barco de novo para a margem...?
Claro que não adiantaria ficar discutindo,
pois ela estava contra a pesca...e eu
mesmo, no fundo, acabei percebendo
que ela tinha toda razão, pois pescaria
não deveria ser esporte como em geral
se pratica...ou seja, matar os peixes por
mero prazer e não por necessidade.
Já à beira da lagoa embiquei o barco.
A tarde ia terminando...e nós íamos
voltando a pé até o chalé onde estávamos
passando o final de semana...
os dois com os pés
no chão nessa terra vermelha boa para
plantar café.
A natureza cobria tudo...e os pássaros
se despediam do dia com seus trinos e
gorgeios.
O sol ia se pondo quando ela me olhou ,riu,
e foi dizendo: sabe...hoje eu estou muito feliz.
Ah é ?
Sim ...estou mesmo.Hoje eu salvei um
peixinho...
e agora estou com o meu peixão...
Claro que acabei rindo...e brincando
lhe disse:
mas não vai me jogar de volta nágua não é ?
Ah...isso não...querido...só se eu fosse uma
sereia, rsrsr.
Hum...mas você já é minha sereia...e nem
precisa entrar na água...rsrs.
Ainda bem amor...morro de medo de entrar
na água...ainda bem que logo chegaremos
ao chalé.
Os pés dela eram miúdos, mas seus passos
bastante ligeiros, assim que logo chegamos
ao chalé...
onde repentinamente esta história termina...
recordando que ontem foi o Dia
Internacional da Mulher...mas hoje é o
Dia do Peixinho...rsrs.
E o que aconteceu no chalé... bem... essa é
uma outra história...
Quem quiser que conte outra, rsrs.
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Autor:Cássio Seagull
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Pequena história que fiz em 10-03-10 às 19h SP
Lua minguante – sol - 30 graus
Beijos e abraços para você...boa quinta...
cseagull2@hotmail.com
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