CHAMA

Sete e trinta da manhã... Caminho pela orla... Esperança sombria de te ver passar.

Acordo na ausência de cores. Não há sol. Nuvens racham o céu... O mar se esconde entre a espuma terrena e a névoa estrangeira...

Há uma beleza ímpar, não subtraída, e sim escondida, no cinza que domina o dia. Que outra essencia deflagaria mais a faísca? A realidade está lá, tribal, nativa, fugaz, passageira....Só não está nítida : Está diluída na eterea “tenrez” dos sonhos...Névoa manto entre meu eu e meu lírico ser.

Por quem tua voz chama? Por quem tua voz faísca?

Caminho sem fuga, indistinta, cinza, seguindo pela liberdade de querer te ver também passar...

Posto 10, Arpoador, Colônia dos pescadores, Copacabana inteira... O Leme me fecha a passagem... A fortaleza é o fim da caminhada ... Muralha de silêncio e de pedra... Solidão dos passos...

Um raio súbito de sol fosforiza a paisagem... A verdade resvala na pedra elementar...Incendeia... Faísca... Queimo na fogueira de teu sonho. Poderás me ver agora entre as chamas com que te chamo na manhã ? ... ou todo esse sonho se apagará por trás das montanhas do Leblon?

Carmem Teresa Elias
Enviado por Carmem Teresa Elias em 09/03/2010
Reeditado em 12/03/2010
Código do texto: T2129448
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