Divina luz
Entro pelos meus olhos repletos de lágrimas
E vago pelas ruas e vielas da minha mente.
Conheço lugares bonitos,
Recordações inesquecíveis,
Cenas memoráveis,
Porém também vejo um beco escuro.
É um beco repleto de lâmpadas acesas,
Mas que não produzem nenhum brilho.
Os habitantes desta viela parecem estar com medo constante.
Não há nenhuma criatura de más intenções nesse local,
Entretanto, parecem se culpar constantemente.
Lamentam-se e denominam-se monstros.
Alguns daqueles seres só conseguem chorar,
Outros apenas agem sem pensar
E todos querendo se superar.
Ninguém ali ambicionava o mal.
Mas como viviam tão suprimidos
Acabavam por machucar quem mais amavam
E depois mergulhavam em lágrimas,
Que muitas vezes não saiam,
E em perdões sem fim.
Mas embora pedissem tanto perdão
Acreditavam que não mereceriam nunca ser perdoados.
Passei a observar aquelas pessoas mais de perto,
Percebi que todos tinham a mesma aparência triste.
Notei que aqueles meus eus sempre estiveram omitidos,
Pelo menos até agora.
Nesse momento vi que um pouco mais adiante dali,
Porém ainda na mesma rua,
Havia uma luz que conseguia brilhar.
Era uma fonte luminosa diferente de todas as outras,
Algo como uma chama ascendente,
Que havia surgido recentemente.
Aproximei-me e senti que além de imenso brilho
Ela também emanava intenso calor.
Esse calor conseguia despertar lágrimas de alegria e conforto
Em meio a toda aquela obscuridade.
Enfim pude lançar um sorriso,
Pois descobri que aquela maravilhosa chama incandescente
Era a graça do teu amor!