Prisioneiros da paixão

Sentir teu cheiro lascivo apenas me explica

o porquê de longo viver d’outras esferas vagando,

tua volúpia perfumada rodeando pelas beiras.

Desde que o primeiro sol deitou no horizonte,

já bordava o céu estrelas sobre o azul do monte,

que se azulava na paz e na gana que em nós nascia...

e pouco a pouco nos aproximava e se expandia,

com a força tamanha de inverossímil inocência,

antagonismo que silogismo algum clareia:

brado e sussurro, instinto e emoção de macho e fêmea,

que se auto-destinaram e sofregamente se buscaram.

E cá nesse momento cândido, que selvagem se faz,

eu te desejo adentrar entranhas sedentas,

para assim e tão somente assim,

contigo caminhar indefinidamente,

desvairada, íntima, intuitiva e desnudamente,

tal rio inundando igarapé num abraço único imortal,

docemente memorável de ontem à sempre.

A ti e somente a ti, transcendendo o namorico silente,

entrego cada um de meus mais secretos pensamentos,

d’um amor animal, rastejante e voraz,

que na fera de ti carece se alimentar

e cedendo à justa reciprocidade,

também te abordo e te ocupo inteiramente.

Santos-SP-31/07/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 31/07/2006
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