Pose besta

E eu na minha pose: introspectivo e menos falante a cada dia. Frio e circunspecto, como se a vida fosse um jogo. É um jogo? Eu permaneço amante das outras criaturas, as mais belas, as femininas e excelentes. Permaneço poeta misterioso, cheio de atenções ao meu eu, sempre impecável, sempre aos impulsos noturnos, sempre fumando, sempre aos tragos de uísque... E lá vou, mais uma vez, ao encontro do que me encontra todas as noites: um momento de lágrimas, pranto e jogos abertos e desvendados, revelando a mediocridade que me enche os pulmões e se manifesta através do meu magro ser. Mas, prossegue a pose, que poses são necessárias à vida ¨importante¨. E prossegue o pranto, toda noite, audaz, cruel, provando que é nesta pose tão ridícula que meus restos orgânicos vão se acabar. Olho o céu, vejo deuses arrumando um cenário para o Deus da terra, viajo em meus momentos de alegria contida...

E eu na minha pose: escrevendo, sofrendo, amando. Tens alguma pose a sustentar, colega? Se tens !!!

E se tens, lembra do signficado mais exato e nordestino para as poses extraordinárias: tudo não passa de pose besta !

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 16/01/2010
Código do texto: T2032828