Despertar

Desperta do teu sono, homem. Desperta dessa vida medíocre, cheia de ócio e ostracismo em que vives, diz a voz do meu espírito. Desperta dos momentos de nada, sem nada, ao nada...

Desperta da vida para a vida, realizando os teus feitos, remodelando a tua imagem, redistribuindo tuas questões para que tu seja a única questão em evidência a partir daqui. Que fazes tu da vida, Mefistofélico. Tens amado? Tens perseguido o alvo que te persegue?

Tens alcançado tudo o que te seduz, tudo aquilo que eu te proponho às escondidas?

Desperta no despertar que hei de te revelar e outorgar, diz o meu espírito de poeta. Desperta desses modos doentios, que amam amar nas consequências, que amam ser inconsequentes, que valem apenas o que escreves. Abandona um pouco a pretensão maior, deixa de lado por uns minutos a veia poética, abraça um pouco os teus, abraça um pouco a família. À família está reservada toda a virtude que necessitas, homem.

Desperta antes que se faça dia, pois na noite ainda há tempo de se erguer, sem desculpas, sozinho, circunspecto, como és, como eu quero.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 13/01/2010
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