Nos recantos da residência
Desconhecidos inquilinos se ocultam nos recantos
E fendas escuras da residência recém habitada.
Um ruído de unhas arranhando as paredes e teto
Estremece o pescoço, arrepiando-lhe em seguida.
Essas criaturas arcanas causam um medo peculiar,
Talvez por pertencerem ao mundo inferior do Hades.
Aqui estão cheias de escárnio, perturbando o lar dia e noite.
Gemendo e gritando misteriosas blasfêmias e tentações
Encobertas no latido do cão vizinho que as escuta impaciente.
A residência fora um recinto de magia thelêmica-cabalística
Ou algo do tipo “Anton Lavey/Crowley”, assim dizia a velha senhora carrancuda.
A casa foi reformada, soerguida dos escombros, benzida...
E a energia maligna ainda influencia os alicerces enferrujados.
Espíritos sugestivos da insânia, insetos fétidos do Seol
Excomungados foram pela católica missa ineficaz;
Vagam pelos corredores estreitos de concreto,
Batendo de leve na porta de cada quarto trancado na madrugada.
Às vezes, são borboletas de tom cinza estáticas no azulejo,
Outras vezes são as moscas que fogem do hálito de Belzebu
E circulam pela humana consciência alienável,
Zunindo no ouvido e lançando nela sugestões inconfessáveis!
Quando o sino da igreja toca, riem e zomba,
Enxergam nisso costume sem vigor espiritual.
Até eles próprios são capazes de tocá-los no pátio sagrado.
Já que é impossível afugentar as forças antigas da casa,
O jeito é conviver ignorando os acontecimentos estranhos.
Acender velas nos recantos e perfumar cada espaço
Com incenso de sal grosso ou conjurando salamandras.
Viver cada momento como rotineiro,
Mesmo sabendo que fora amaldiçoado desde quando chegaste.
E de desconhecidos, os inquilinos passarão a rejeitados:
Nenhuma criatura – até a mais desagradável – suporta ser esquecida!
Que a maldição prossiga sempre na moradia de agora,
E persista nos lugares ocultos a dor dos falsos moradores desprezados.